António Ferreira Ramos (primeiro à esquerda) no jantar de homenagem a Leal da Câmara, no foyer do antigo Teatro Dona Amélia
Empresário e grande promotor da cultura, este gondomarense ficou intimamente ligado ao teatro e à cidade de Lisboa.
António Ferreira Ramos nasceu em 1850, na freguesia de São Cosme, Gondomar. Filho de Manuel Ferreira Ramos e Maria de Sousa concluiu o ensino primário nesta localidade.
Poucos registos existem depois, sabendo-se apenas que já adulto ruma para Lisboa e residiu na freguesia de Santa Catarina. É nesta cidade que conhece Berta Ramalho de Ortigão, filha do ilustre escritor Ramalho Ortigão e com quem casou em 1888.
Torna-se depois um empresário de sucesso, com negócios em Portugal e no Brasil, país onde vem a conhecer o ator Guilherme da Silveira e o industrial Celestino da Silva. Foi por iniciativa destes dois amigos que criou uma empresa dedicada ao teatro e ao espetáculo, fundando a 22 de maio de 1894, em Lisboa, o Teatro D.Amélia. Os terrenos foram cedidos pela Casa de Bragança, muito ajudando a amizade de António Ramos com o Visconde de São Luiz de Braga. O teatro torna-se uma referência da cultura nacional, sendo o “foyer” do espaço uma constante tertúlia de artista e escritores.
Em 1911 o teatro alterou o seu nome para “República” e, três anos mais tarde, de 13 para 14 de setembro, um incêndio quase o destruiu na totalidade. Nesta altura, apenas António Ramos e o Visconde de São Luiz de Braga se mantinham na direção do teatro. Contudo, o esforço dos proprietários e a ajuda do círculo artístico e intelectual de Lisboa permitiu reconstruir o espaço, reinaugurando-o a 16 de janeiro de 1916.
O teatro manteve uma intensa atividade, especialmente teatro e operetas, dando-se em 1928, já depois da morte dos dois sócios, uma profunda alteração do espaço. É introduzida uma sala de cinema, a novidade mais em voga na época, e procede-se a nova alteração de nome: Teatro São Luiz, em homenagem ao Visconde de São Luiz de Braga.
António Ferreira Ramos, que morreu a 16 de setembro de 1921, deixou três filhos. Um deles, João Ortigão Ramos, assumiu em 1934 a direção do teatro, atividade a que associou uma nova vertente no “seu” cinema: a produção de filmes. Estava dado o primeiro passo para a criação da Tobis Portuguesa.
O teatro que António Ferreira Ramos fundou continuou a ser uma referência da cultura em Lisboa e em Portugal. Adquirido em 1971 pela Câmara Municipal de Lisboa, tornou-se o primeiro teatro municipal da cidade.