Compositor e cantor, este gondomarense de berço marcou a história da Música Popular Brasileira como um dos seus mais autênticos e inesquecíveis autores.
Adelino Moreira de Castro nasceu no lugar de Covelo, Concelho de Gondomar, no dia 28 de março de 1918. Filho de Serafim Moreira Sofia e Maria Rosa Martins de Castro, era ainda criança quando a família emigrou para o Brasil, em meados da década de 1920, fixando-se em Campo Grande, Rio de Janeiro.
No início da década de 1940, Adelino iniciou sua carreira como cantor. As suas primeiras gravações foram os fados “Olhos d’alma” e “Manita”, o samba “Mulato artilheiro” e a marcha “Nem cachopa, nem comida”. Gravou alguns discos no Brasil, na editora Continental, em 1945 e 1946, e também em Portugal, em 1947, na editora Pharlophon.
A carreira como cantor durou pouco tempo. Adelino decidiu que queria seguir carreira na música apenas como compositor, o que viria a tornar-se a decisão mais acertada. No início da década de 1950, compôs várias músicas em parceria com a dupla “Zé e Zilda”, fazendo enorme sucesso no Carnaval com as marchas “Parafuso”, “Jura” e “Quebra-mar”. No entanto, foi em 1952 que a sua carreira iniciou uma ascensão meteórica, após conhecer o cantor Nelson Gonçalves com quem formou uma das maiores parcerias da música brasileira.
O primeiro grande sucesso da dupla foi “Meu vício é você”, gravado em 1955. Em 1957, outra composição de Adelino Moreira fez grande sucesso na voz de Nelson Gonçalves. “A volta do boêmio” tornou-se o maior sucesso da carreira dos dois, foi recorde de vendas e ficou na memória coletiva brasileira como o hino da “seresta”, género musical brasileiro fruto da antiga tradição de “cantoria” popular das cidades: a serenata.
O talento de Adelino Moreira não ficou restrito à parceria com Nelson Gonçalves. Vários artistas gravaram as suas músicas, entre eles, Carlos Galhardo, Carlos Nobre, Cauby Peixoto, Dircinha Baptista, Ângela Maria, Aracy de Almeida e Nora Ney. Em 1960, mais um samba-canção de sucesso. “Negue”, lançado inicialmente por Roberto Vidal, foi gravado no mesmo ano por Carlos Augusto e Linda Rodrigues. Em 1978 foi regravado por Maria Bethania e atingiu um novo recorde de vendas. Nas décadas seguintes outros cantores regravaram os seus sucessos, entre eles, Ney Matogrosso, Pery Ribeiro e Simone.
Adelino Moreira foi um dos fundadores e presidente da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música e, entre 1981 e 1983, presidiu também ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais do Brasil.
O compositor, que gostava de afirmar aos jornalistas,“ escrevo música para o povo”, faleceu no dia 7 de maio de 2002, aos 84 anos de idade. Nos últimos anos de vida revelou por diversas vezes o orgulho por nunca mudar o seu estilo. “A gente tendo um tema, organiza os versos e entrega ao cantor. Se o povo entender, o disco faz carreira. É preciso não complicar, porque senão o disco encalha”.
Como a história comprovou, Adelino Moreira soube sempre navegar nas águas muitas vezes difíceis da música.