Quinta da Bandeirinha, em Melres.
Uma das famílias mais antigas de Portugal tem origem na Galiza e chegou ao nosso território na companhia do Conde D. Henrique. Do Condado Portucalense até às invasões francesas esta família deixou marcas um pouco por todo o País, incluindo Gondomar.
Raimundo Garcia de Portocarreiro , fidalgo de origem galega , acompanhou o séquito do Conde D. Henrique que no início do seculo XII chegou ao então território do Condado Portucalense. Entre os anos de 1129 e 1153, D. Raimundo Garcia de Portocarreiro aparece em inúmera documentação e a confirmar muitos documentos régios, sendo clara a sua importância enquanto apoiante do governante.
Pelo seu apoio, D. Henrique doou-lhe o couto de Porto Carreiro, no Marco de Canavezes. Foi deste extenso senhorio que D. Raimundo tomou o nome de Portocarreiro ou Portocarrero. Esta família vai, depois, espalhar-se um pouco por todo o território nacional, do Minho até Tomar, encontrando-se ainda hoje muito património desta nobre e antiga linhagem. Exemplos deste património são a Casa das Sereias, no Porto, o Solar da Bandeirinha, em Melres, e a Casa do Terreiro, em Arcos de Valdevez.
Também conhecida como Palácio da Bandeirinha, a Casa das Sereias (assim chamada devido às duas imagens que ladeiam a porta principal) foi construída em meados do século XVIII. O edifício, um imponente palácio que ainda hoje se distingue na paisagem da cidade, foi construído no local do Cemitério dos Hebreus e da antiga judiaria. Abandonado em 1809 é hoje um colégio religioso.
A Casa do Terreiro é uma enorme mansão de meados do século XVIII, localizada na freguesia de Salvador, Arcos de Valdevez, tendo sido vendida no século XX à Câmara Municipal local e transformada na Casa das Artes local.
Já o Solar da Bandeirinha adotou o nome do edifício localizado no Porto, sendo um solar rural implantado na freguesia de Melres, concelho de Gondomar. A construção foi iniciada por Manuel da Cunha Coutinho Portocarreiro (1550-1645) e foi concluída pelo seu filho Manuel da Cunha Ozorio Portocarreiro (1607-1691). Foi pertença da família até ao primeiro quartel do século XX, sendo hoje propriedade e sede da União de Freguesias de Melres e Medas.
Um dos membros da família mais distintos e com ligações a Gondomar foi D. Luiz Pizarro da Cunha Portocarreiro, que além de habitar na Casa das Sereias passava largas temporadas em Melres. Fidalgo da Casa Real e deputado monárquico à Assembleia Nacional, exerceu também o cargo de Presidente da Câmara Municipal, sendo o último presidente da Câmara de Melres durante a Monarquia.
A família, apesar da sua riqueza e prestígio, não escapou a alguns episódios trágicos. O dono das propriedades morreu num acidente de barco no Douro e, como não tinha filhos, o Palácio das Sereias passou para o irmão. Em 1809, durante as Invasões Francesas, um grupo de populares, convencido que um dos elementos da família era conivente com os franceses, chacinou-o no pátio do palácio. Os Portocarreiro, que entretanto perderam outros membros da família de forma trágica, abandonaram o palácio e não mais voltaram.