Um dos primeiros gondomarenses, no registo histórico, a chegar ao Brasil foi capitão-mor e juiz de vila, sendo um dos primeiros povoadores e fundador da cidade de Santo André, São Paulo. Jorge Moreira nasceu, em 1525, no lugar de Rio Tinto, Gondomar. Aos 20 anos de idade partiu para o Brasil com a família, sendo um dos primeiros povoadores da então capitania de São Vicente.
Estabeleceu-se nessa localidade, rumando depois, já nos anos 50 do século XVI, para Santo André. Nesta vila chegou a oficial da administração, em 1557, e quatro anos depois chefiou uma expedição contra os índios do Vale do Rio Paraíba. O sucesso desta expedição granjeou-lhe tal reconhecimento que, nesse mesmo ano, foi transferido para a vila de São Paulo de Piratininga, a atual São Paulo.
Tornou-se assim um dos mais conhecidos bandeirantes da época. Estes exploradores eram homens, principalmente paulistas, que entre os séculos XVI e XVII atuaram na captura de escravos fugitivos, procura de pedras e metais preciosos e desbravamento do território. Expandiram o território brasileiro para além das fronteiras determinadas pelo Tratado de Tordesilhas. As expedições de bandeirantes organizadas por particulares eram conhecidas como Bandeiras. As organizadas pelo governo eram conhecidas como Entradas.
Jorge Moreira foi, durante 40 anos, o mais notável homem de governo entre os colonos de S. Paulo. Além das funções que terá exercido em cerca de dez anos desse período, de que o arquivo municipal já não tem documentação, teve as seguintes: oficial da administração em 1575; juiz ordinário em 1573, 1575, 1591 e 1597; vereador em 1562, 1578, 1580, 1582, 1584, 1585, 1586, 1587, 1589, 1590, 1595 e 1599; oficial responsável pelos corsários detidos, e por isso isento de responder perante os responsáveis locais, de 1580 em diante.
A sua importância era tal que, quando era oficial da câmara e enquanto não existia edifício oficial do concelho, os edis reuniam-se na sua fazenda, localizada na banda de Ibirapuera.
A Casa do Conselho ou da Câmara foi o primeiro edifício público a ser levantado na vila e teve a sua construção iniciada por volta de 1574. Não há certeza quanto à data, pois as atas desse ano desapareceram.
As últimas referências encontradas nas atas, sobre o vereador Jorge Moreira, são de 1600, ano em que esteve ainda em ajuntamentos.
Da sua descendência, diz Silva Leme que teve um filho e 11 filhas, resultantes do casamento com Isabel Velho. Sobreviveram sete, pois as quatro restantes faleceriam sem geração. Uma delas, Susana Moreira, acabaria por ser casada com o Governador Pedro Alvares Cabral, nobre da Casa de Belmonte e à qual pertenceu o seu homónimo, o descobridor do Brasil.
Jorge Moreira faleceu em Taubaté, aos 75 anos de idade, no final do ano de 1600. Ainda hoje é recordado como um dos pioneiros bandeirantes que desbravaram as terras de “Vera Cruz”.