Empresário e industrial, marcou a sociedade gondomarense durante largas décadas do século XX. O seu empreendedorismo, reconhecido pela comunidade, tornou-o numa das individualidades mais emblemáticas e respeitadas de Gondomar.
Mário Domingos Marques dos Santos nasceu a 20 de dezembro de 1918, no lugar de Quintã, junto ao largo onde hoje se situam os Paços do Concelho. Filho de uma família modesta de 11 irmãos, cedo teve de experimentar as agruras do trabalho, iniciando-se como aprendiz de serralheiro na oficina dos Irmãos Neves.
Já em idade adulta foi para uma empresa têxtil no Porto, onde aprendeu a arte de estampar têxteis. Seria esse o seu projeto de vida, onde viria a conhecer os amigos e fez contatos que o levaram a tornar-se num industrial têxtil de referência.
Corria o ano de 1948 quando Mário Marques, em conjunto com o seu irmão António, o seu cunhado Manuel Ramos e o seu antigo colega de trabalho Fernando Teles, fundou a Marques, Ramos & Teles, Limitada, empresa que viria a ficar conhecida como “Fábrica Gondomarinho”.
A construção da fábrica levou dois anos, começando a laborar no dia 9 de janeiro de 1950. As décadas de 1950 a 1970 foram marcadas por um rápido crescimento, assente no mercado colonial, com um elevado número de encomendas e de trabalhadores. Os primeiros anos após a revolução de 1974 foram marcados por alguma incerteza, mas findo esse período conturbado a fábrica retomou o crescimento, fruto da adaptação ao novo mercado europeu.
A “Gondomarinho” continuou a marcar gerações até ao final dos anos 1990, mas a competição das indústrias asiáticas e as apertadas regras comunitárias ditaram a venda da empresa e a alienação de parte do edificado, que ainda hoje alimenta o imaginário gondomarense.
No entanto, não foi apenas através da “Gondomarinho” que Mário Marques marcou Gondomar. Na verdade, pode-se afirmar que, durante as décadas atrás referidas, não houve no concelho iniciativa de monta, que não contasse com ele. Católico praticante, esteve envolvido em várias atividades paroquiais, sendo um dos maiores obreiros da instalação da Ordem Franciscana em Gondomar, na antiga Quinta da Bouça Cova.
Foi também membro da Comissão Fabriqueira da Paróquia de Gondomar, da Fraternidade Franciscana Secular e do núcleo local de Gondomar da Liga Portuguesa com o Cancro, além de benfeitor de várias comissões de festas, clubes de futebol, ranchos folclóricos e corporações de bombeiros.
Ao nível do associativismo, ocupou cargos de direção em várias coletividades e clubes. Na Banda Musical de Gondomar, na Ala Nun’Alvares, no Orfeão de Gondomar, no Rancho das “Nabeirinhas de Gondomar” e no Gondomar Sport Clube, onde foi um dos principais obreiros da construção do campo, agora estádio, São Miguel, Mário Marques deixou uma marca de abnegação e esforço pelo desenvolvimento do “seu” Gondomar.
Um acidente doméstico, aos 82 anos de idade, ainda em intensa atividade social e cívica, acabou por ditar o seu falecimento no ano 2000, em Gondomar, São Cosme, a terra que o viu nascer.