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GASPAR PESSOA (PRESIDENTE DIREÇÃO DA LIGA NACIONAL CONTRA A FOME)
No âmbito da área de atuação da instituição que dirige, quais as principais motivações para a intervenção social no Município de Gondomar?
Desde sempre fui possuidor de uma grande vontade de poder colaborar e ajudar aqueles que mais necessitam, sendo esta vontade o fator impulsionador para a fundação da Liga Nacional Contra a Fome (LNCF). Temos verificado ao longo do tempo que as carências económicas e sociais têm estado presentes, e cada vez mais presentes no nosso município, o aumento do desemprego e as perdas/diminuições de muitas prestações sociais são dois fatores que têm contribuído bastante para o alargamento e aparecimento de novos casos de carência económica e social. Neste sentido, e devido também a todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela rede social e demais parceiros, têm motivado ainda mais a vontade de trabalhar no combate à pobreza e exclusão social. É de uma enorme importância a resposta dada ao nível do Refeitório Social, localizado em Rio Tinto, para que possamos focalizar a nossa ação na inclusão social dos utentes que diariamente nos chegam encaminhados pelos parceiros. Realço a importância do Presidente e fundador da LNCF estar presente no terreno é uma mais-valia para que as necessidades possam ser compreendidas e atendidas superiormente de uma forma mas solidária, dedicada e com a ética necessária que a nossa atuação exige. Todo este trabalho advém da satisfação e orgulho em poder contribuir para a melhoria da qualidade de vida das famílias que se encontram em estado de carência, seja ela económica ou social. Podermos trabalhar na área do combate à pobreza e exclusão social no município de Gondomar tem sido bastante gratificante e satisfatório, ajudando todos os utentes, em todas as nossas respostas sociais a titulo totalmente gratuito.
Contextualizando a intervenção da vossa instituição a um nível concelhio e supraconcelhio, quais considera ser as principais potencialidades?
Penso que a Liga Nacional Contra a Fome tem sido bastante capaz de se autosustentar com a ajuda e boa vontade dos sócios e benfeitores a nível nacional, continuando até ao momento, e desde a fundação, sem qualquer tipo de financiamento público ou acordo de cooperação com a Segurança Social. Entendemos estar a prestar e a representar uma causa nobre ao podermos contribuir para fazer um pouco mais felizes todos aqueles que já ajudamos, querermos fazer crescer ainda mais esta causa para que assim possamos sentir o conforto naqueles que através da LNCF podem ter uma refeição digna. Posso dizer que esta é a nossa maior potencialidade – estamos no terreno e damos a resposta. O lema desta instituição é nunca desistir dos propósitos a que se propõe e, como tal, a persistência é a base para a continuidade dos projetos que já estão incrementados, bem como a implementação de outros novos.
Na sua opinião existem constrangimentos à intervenção da vossa Instituição? Se sim quais e a que níveis?
Temos verificado que existe uma dissonância entre as diretrizes da administração central e as necessidades das comunidades. Penso que os acordos são muito tipificados e fechados.
Perspetivando a intervenção e a atuação da Instituição a médio e longo prazo, quais são os vossos principais projetos? De que forma pretendem dinamizá-los?
Os responsáveis por esta instituição de cariz humanitário gostariam de tornar possível o alargamento dos campos de intervenção com a implementação de um novo refeitório social em Coimbra, com o melhoramento do refeitório já existente, assim como da padaria social, e com a abertura de um novo refeitório social, no município, uma vez que os encaminhamentos têm vindo a aumentar consideravelmente, sendo esta mais uma forma a podermos dar mais e melhores respostas de ajuda e de apoio a todos aqueles que precisam de nós, da nossa amizade e, principalmente, da nossa solidariedade para continuarem a ter o bem mais essencial do ser humano, a alimentação. É ainda intenção poder dinamizar com mais força a horta social, implementar e alargar as lojas sociais (sendo objetivo angariar fundos que revertam para o alargamento do apoio prestado aos utentes), alargar o nosso apoio ao domicílio, complementando este apoio com outras valências (higiene pessoal, tratamento de roupa e higiene da habitação), sendo o nosso maior objetivo, a longo prazo, podermos implementar um lar de terceira idade. A continuidade e o alargamento dos objetivos tornam-se assim fundamentais no que se refere ao combate da elevada taxa percentual de famílias carenciadas a viver em condições de pobreza. Mas, pensa-se ser importante reforçar esses mesmos apoios, visto a LNCF estar implantada numa zona com bastantes carências. Além da perseverança e empenhamento que se depositamos nos projetos de apoio alimentar a crianças e famílias carenciadas, a LNCF irá continuar a trabalhar na integração sócioprofissional, continuando a desenvolver projetos de reinserção social para beneficiários do RSI e subsídio de desemprego, uma vez que estas comunidades continuam a ser “rejeitadas” pela maioria das entidades empregadoras, mas que devem e podem ser reintegradas a fim de desenvolverem as suas vocações e viverem a cidadania na sua plenitude. O Estatuto de Utilidade Pública – IPSS que a LNCF possui permite à instituição uma continuidade mais ampla e ainda mais credível. A luta para que os projetos sejam alcançados vai continuar, mesmo que para isso seja necessário aguardar algum tempo. Contudo, a médio ou longo prazo, vamos trabalhar nesse sentido e pretende-se que as ajudas comecem a aparecer, uma vez que já se possui o Estatuto de Utilidade Pública.